Fratura supracondiliana do cotovelo de criança

bauman
  1. Incidência: Essa fratura acomete crianças na 1ª década de vida, especialmente entre 5 e 8 anos. Em pacientes dessa idade, há uma intensa remodelação óssea na região metafisária distal do úmero, com trabéculas óssea menos definidas e mais finas, com as corticais adelgaçadas.
  2. Tipos: As fraturas supracondileanas dividem-se em 2 tipos; em extensão (97%) e em flexão (3%)
  3. Mecanismo de lesão:
    • As fraturas em extensão resultam de uma queda com o cotovelo em extensão com uma força de angulação concentrada que age diretamente na região supracondilar provocando a fratura.
    • Nas fraturas em flexão o mecanismo de lesão clássico é o trauma direto sobre a região posterior do cotovelo durante uma queda. O nervo ulnar fica predisposto à lesão.
  4. Classificação:
  5. Tratamento
    • Fraturas tipo I podem ser tratadas apenas com gesso axilopalmar. A maioria das fraturas desviadas do tipo II e fraturas redutíveis do tipo III são tratadas com redução fechada e fixação percutânea com fios de Kirschner. Por um mecanismo que ainda não foi completamente compreendido, a inclinação em varo é reduzida pela pronação do antebraço, que fecha lateralmente a fratura.
    • A fixação percutânea pode ser feita com 2 fios divergentes introduzidos lateralmente, ou 2 fios cruzados, um introduzido medialmente e outro lateralmente, com angulação entre si de 30 a 40º. Fios laterais apresentam menor riso de lesão do nervo ulnar, e 2 fios cruzados apresentam maior estabilidade.
    • Em casos de fraturas irredutíveis, a redução aberta está indicada. A via de acesso preferida é a lateral, as vias posterior, medial, antero-lateral e antecubital também podem se realizadas.
    • Para avaliar a redução da fratura, o ângulo de Baumann é o método mais usado. Esse ângulo é formado pela intersecção de 2 retas, uma paralela à diáfise do úmero e a outra que corta a linha epifisária do côndilo lateral. O ângulo deve medir aproximadamente 72º, variações de + 5º em relação ao cotovelo contralateral são aceitáveis. Na radiografia em perfil, a linha umeral anterior deve dividir o núcleo de crescimento do côndilo umeral lateral em 2/3 anteriores e 1/3 posterior.

      baumansupraperfil

    • Nas fraturas do tipo flexão, lesões ao nervo ulnar são mais comuns, a redução geralmente é difícil e os resultados são piores.
    • No pós operatório, é usado uma tala posterior em média durante 6 semanas, os pinos são retirados com 3 semanas.
  6. Complicações
    • Precoces
      • Neurológicas: Lesões dos nervos radial, interósseo anterior, mediano e ulnar. A mais comum é a lesão do nervo interósseo anterior.
      • Vasculares: Lesões vasculares acontecem em especial nas fraturas com deslocamento póstero lateral e nas com grande separação dos fragmentos e com penetração muscular.
      • Síndrome compartimental
    • Tardias
      • Alterações angulares: Cúbito valgo e cúbito varo. O cúbito varo é a deformidade mais comum.